segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Nego,

Sai da minha vida.
Mas sai agora pra não dar tempo de eu querer balançar minha saia pra você de novo.
Sai rápido.
Leva teu gosto,
leva teu cheiro na minha pele,
suas palavras.
Deixa eu te maldizer, te maltratar,
deixa eu fazer com que você não passe de uma lembrança na minha vida.

Sai daqui.
Leva tuas palavras que não são minhas.
Leva aquele bom dia que não é pra mim.
Leva aquele gosto amargo que você deixa na minha boca toda vez que vai embora.

Sai daqui,
leva as palavras que delicadamente destilei por você,
leva tuas coisas, tuas cartas.
Me deixa em paz
e eu juro que nunca mais serás motivo pr'alguma escrita minha.

Sai,
me deixa remendar meu coração
e despir minha alma de você.

Sai da minha vida.
(Mas sai agora pra não dar tempo de eu querer balançar minha saia pra você de novo.)


(da série: A última vez.)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Novo.

Tudo novo, de novo.
Paulinho Moska.

Mudou o ano. Mas aqui dentro, pouco muda. Somente um estranho silêncio que venho carregando sem saber muito bem o porquê. Muita coisa a ser dita que insiste em se calar. E fica tudo assim, mudo, meio automático, meio adormecido pra que fique mais fácil prosseguir. Mas há dias - ainda bem! - em que a poesia resolve sair e gritar o que estava quieto, como numa rebelião interna em que tudo fica mais claro e admite-se os erros, as fraquezas, os quereres.

Hoje eu queria dizer que eu sinto saudades. Sinto ciúmes. Imagino cada coisa que se eu contasse ninguém acreditaria. Mas me acredite quando digo que... ah, deixa pra lá. Fica subentendido. Se você reparar na minha nostalgia, vai entender cada letra. Cada música. Cada silêncio. Cansei de usar minhas palavras pra me explicar.  Hoje quero senti-las, apenas. E que elas sejam sentidas da forma que melhor convier. Minha poesia me inunda e, sabe, eu quero mais é que essa enchente de palavras e sentires arraste tudo e traga boas novas. Novos ares. Novas vidas.

(Você consegue sentir tudo isso?)

Eu quero mais é que tudo se renove e que o passado-fantasma se torne nada mais do que lembrança. Uma página rabiscada da vida com aquele colorido bonito de quem tem muito pra contar e nada do que se arrepender. 

Non, je ne regrette rien. Edith Piaf me entenderia.