Os buracos que ficaram eu vou preenchendo com uma palavra aqui, uma música down ali. Desculpas para poder soltar as lágrimas sem que elas escorram pelos olhos. Não tem sido fácil decifrar. Amar, tampouco. Porque há tempos metades não me satisfazem.
Eu nunca soube ser meio-termo em nada. Nunca soube ser metade, mais ou menos, só tiquinho.
Sou de uma intensidade e de um excesso sem tamanho. Não costumo querer pouco do que posso ter muito. Não costumo querer uma dose de whisky se posso ter a garrafa inteira. Não costumo querer uma palavra se posso ter a poesia inteira. Não costumo querer um meio amor se posso ter um amor inteiro. Mas não é fácil, viu? Ultimamente não me contento com pouco e há pouca gente disposta a se doar tanto. (Inclusive eu.).
Às vezes bate aquela falta e a vida se encarrega dos acasos: uma poesia nova, uma música nova, um amor novo, um sorriso novo, uma vida nova. Uma dúvida nova, uma decepção nova, uma lágrima nova. Porque esses acasos nem sempre estão a nosso favor e nem sempre tudo é tão justo.
Resigno-me.
Fico amarga.
Fico amarga.
Eu só queria entender porque andar seminua bebendo num copo qualquer pela varanda tem sido mais interessante que procurar uma companhia qualquer. Mas também ninguém quer qualquer companhia, estou certa? Nessas horas é impossível não lembrar Nietzsche: "Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.". Já disse, não tenho mais a menor paciência com metades. Prefiro passar os dias colhendo histórias novas a insistir em erros antigos.
Prefiro me preencher de mim do que ter a constante sensação de que me falta o outro.