domingo, 20 de fevereiro de 2011

Por inteiro


Os buracos que ficaram eu vou preenchendo com uma palavra aqui, uma música down ali. Desculpas para poder soltar as lágrimas sem que elas escorram pelos olhos. Não tem sido fácil decifrar. Amar, tampouco. Porque há tempos metades não me satisfazem.

Eu nunca soube ser meio-termo em nada. Nunca soube ser metade, mais ou menos, só tiquinho.
Sou de uma intensidade e de um excesso sem tamanho. Não costumo querer pouco do que posso ter muito. Não costumo querer uma dose de whisky se posso ter a garrafa inteira. Não costumo querer uma palavra se posso ter a poesia inteira. Não costumo querer um meio amor se posso ter um amor inteiro. Mas não é fácil, viu? Ultimamente não me contento com pouco e há pouca gente disposta a se doar tanto. (Inclusive eu.).

Às vezes bate aquela falta e a vida se encarrega dos acasos: uma poesia nova, uma música nova, um amor novo, um sorriso novo, uma vida nova. Uma dúvida nova, uma decepção nova, uma lágrima nova. Porque esses acasos nem sempre estão a nosso favor e nem sempre tudo é tão justo.

Resigno-me.
Fico amarga.

Eu só queria entender porque andar seminua bebendo num copo qualquer pela varanda tem sido mais interessante que procurar uma companhia qualquer. Mas também ninguém quer qualquer companhia, estou certa? Nessas horas é impossível não lembrar Nietzsche: "Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.". Já disse, não tenho mais a menor paciência com metades. Prefiro passar os dias colhendo histórias novas a insistir em erros antigos.
Prefiro me preencher de mim do que ter a constante sensação de que me falta o outro.


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Por uma vida com mais verdades verdadeiras.



Existem momentos em que o silêncio diz mais do que mil palavras.

Podemos dizer o que quisermos sobre as nossas vidas. Podemos acreditar em verdades inventadas por nós mesmos. Mas um dia as máscaras caem. Mais do que palavras, o que nos define são as nossas atitudes. E é nessas horas que somos traídos por nós mesmos, demonstramos nossa incoerência e caímos em contradição. Ninguém é capaz de sustentar armaduras por tanto tempo.

Todos temos nossas fraquezas, nossas feridas incicatrizáveis. É humanamente impossível ser forte e inabalável cem por cento do tempo. Errar faz parte do nosso aprendizado. Sofrer faz parte do nosso aprendizado. Aliás, faz parte da vida. E quando vejo que falta humildade para aceitar esses percalços, me perco em dúvidas e certos receios que eu não posso evitar. Tenho dentro de mim uma máxima: não confio em gente que não se mostra. Não suporto quem acha que a vida se resume a uma moda qualquer, um carro do ano, uma boutique cara, mas vive emoções baratas. Desconfio de quem tende a valorizar as aparências em detrimento do interior, do caráter, da sinceridade. Não acredito em gente que se esconde atrás de frases feitas, verdades inventadas, palavras vazias. Gosto de transparência, de quem dá a cara a tapa, de quem admite o erro e está pronto pra errar de novo. Gosto de quem arrisca (afinal, o que é a vida, senão um grande risco?).

Mas quem sou eu pra julgar atitudes que não me cabem.

Hoje me calo. Hoje me recolho, recuo. Necessito apenas da paz das minhas verdades interiores. Velhas dúvidas me corroem, é tempo de saná-las. Palavras ditas já não são o suficiente, eu quero provas. Chega uma hora em que a vida é posta em xeque e os fatos - apenas os fatos - são capazes de demonstrar alguma verdade.



"Para saber quem somos, basta que se observe o que fazemos da nossa vida.
Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam.
O que você diz - com todo respeito - é apenas o que você diz."
Martha Medeiros.