quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Contra a covardia, em defesa do Rio


Sérgio Cabral, agora é a verdadeira hora de chorar. Que mané verba de petróleo. O que andamos vivendo no Rio de Janeiro nos últimos dias é a verdadeira covardia. Arrastões, incêndios, inocentes feridos, assassinatos, é o caos generalizado. Uns põem a culpa na corrupção, na bandidagem. Muitos põem a culpa nas UPP's. Eu ponho a culpa no despreparo. Na falta de planejamento (isso sem falar na população que não exerce seu maior direito de cidadania- o voto).

Andamos num momento em que fomos infectados pelo vírus 'Tropa de Elite' e temos a certeza absoluta de que o filme é a cópia fiel do que ocorre hoje no Rio e no Brasil. Não que eu não ache que exista muita verdade ali, mas temos de ver os dois lados da moeda: alguém está tentando melhorar a segurança pública. Os motivos podem não ser os mais nobres (que o digam a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016), a politicagem pode ser o principal objetivo, mas de alguma forma é a primeira vez em que vemos grandes mudanças ocorrendo na segurança pública no Rio. É claro que sabíamos que esse modelo repressor ia entrar em colapso, pela maneira intempestiva que foi adotado. É claro que sabíamos que cedo ou tarde a bandidagem ia descer o morro pra ganhar a vida no asfalto. Mas a verdade, é que ao menos no fundo, nós acreditamos que pudesse dar certo, nem que fosse num milésimo de segundo.

O que eu vejo hoje no Rio de Janeiro é fruto de uma desorganização secular: desde a ocupação do Morro da Providência, a primeira favela carioca, em 1897 até o terrorismo que nos assola nos dias de hoje, o que predomina é aquela velha história do descaso social e político. E bandido tá mais é doido pra encontrar uma brecha dessas pra se instalar, ainda mais se tiver um colega de colarinho branco para sustentar o tráfico, o gatoNET e mais todas as ferramentas de controle populacional. E o problema é esse: em vez de pensarem em ações à longo prazo efetivas para acabar não só com a criminalidade e com a falta de segurança, mas também para coibir a idéia de que traficantes, milicianos e afins são os guardiões da favela, a política de segurança carioca sempre foi imediatista e focada apenas em abafar os episódios de violência de grande repercussão. Tudo isso através de ações mal preparadas, mal planejadas e de cunho político cujo o intuito principal é criar currais eleitorais e maquiar um Rio de Janeiro que aparentemente continua lindo. Cria-se um ciclo vicioso onde se instala o terror de tempos em tempos e as únicas ações efetivas são as de combate imediato. Precisamos de planejamento urbano e políticas de promoção de segurança, mas principalmente de medidas enérgicas de PREVENÇÃO à violência.

O que o Beltrame tem feito hoje é uma tentativa desesperada de tratar um sistema esquizofrênico que está beirando o colapso. Sua iniciativa em relação às UPP's e, agora, em relação ao terrorismo dos últimos dias é uma das únicas medidas palpáveis e visíveis na esfera da segurança pública em muitos anos. É louvável o esforço e o comprometimento de todos os estratos da segurança pública na tentativa de vencer o comodismo que já se instalou há tempos no governo do Rio de Janeiro. Mas, lembremos: é preciso planejamento, organização. É preciso garantir que a população não se sinta à mercê da criminalidade. Mais do que isso, precisamos da garantia de que não iremos pagar pelo preço de jogos políticos no futuro.



(Oremos.)

domingo, 14 de novembro de 2010

Aquela sexta-feira


Eu gosto mesmo é desse acaso.



Pela primeira vez eu tive medo de escrever. De fazer um texto meloso e não conseguir me justificar. Mas foda-se. Eu preciso dizer o que você fez comigo naquela sexta-feira.

Eu não vou ficar aqui falando do seu beijo nem daquela nossa dança louca no escuro. Eu quero falar é do jeito que você me seduziu. Me seduz. E não, não tô falando mesmo do seu beijo. Eu tô falando é daquele momento em que a gente ficou sozinho e esqueceu do que poderia ter feito. Eu tô falando daquelas músicas que você botou pra tocar sem saber que eram as músicas que eu mais escuto na vida. De você ter colocado pra repetir e achar engraçado eu cantar a plenos pulmões. Você não sabe mas foi nessa hora que você mais me seduziu. Foi nessa hora que você mais mexeu comigo. Foi nessa hora que eu me emocionei e me segurei pra não chorar, porque, cara, foi foda. E aí eu pensei: "FODEU!". Fodeu porque eu passei a noite inteira negando todo mundo que dizia "Vocês são iguais!" e naquela hora eu vi que foi em vão. A gente é igual mesmo. Putaquepariu, a gente é igual e agora eu tô com um medo do tamanho do mundo disso dar merda. Porque verdade seja dita, embora esse nosso descompromisso nos mantenha numa distância saudável, chega uma hora em que as coisas se confundem um pouco. Não, eu não quero confundir as coisas. Mas eu tenho medo de que um dia isso aconteça e acabe com tudo de bonito que eu guardo de você.

Por isso, faça um favorzinho pra mim: deixa de ser tão eu um pouco? Deixa essas músicas bonitas, seu jeito de cantar Chico Buarque e de saber de todas as coisas do mundo? Pelo menos de vez em quando, que é pra eu lembrar que nós não nos prometemos nada e que eu não espero nada de você. Porque eu gosto do nosso descompromisso e se a cada vez que a gente se encontrar você for bonito desse jeito, eu não sei até quando não vou criar expectativas.

E eu não quero.

(É como diria Fernanda Mello - ela que sempre me entende: "Eu não quero promessas. Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos. Não, não e não.")