domingo, 5 de dezembro de 2010

Sobre a falta de amor, o excesso de querer e as indecências

"Me ocorre agora, veja bem, tudo se dissolve.
Você pode achar que não tem sentido.
Mas, honestamente,
o que tem sentido?
A busca louca pelo amor resulta em pernas abertas e desencontros.
Em outros casos tem-se um cigarro
e olhares para o teto.
Não mais, não menos, mas também.
O amor é um interlúdio.
O amor,
ma belle, é fodido.
Mas nem por isso deixa de ser amor."

'O amor é fodido', por Jaya, no Líricas.





Ando com a cabeça nas nuvens e os pés no chão. Mas eu queria mesmo era estar com aquela sensação gostosa de paixonite mal-resolvida. Gosto muito dessa coisa de lençóis e pele e tudo mais, essas loucuras que misturam coração e hormônios e ninguém entende mas... sei não. Sinto que as ausências me preenchem e as suas músicas também. Acho bonito o jeito de falar de tudo, saber de tudo, o all-star, o jeitinho alternativo, o me olhar sem saber direito o que fazer mas... sei não.

Al Green grita "cause you make me feel so brand new..." e eu me aflijo: e o amor, gente? Onde é que eu deixei aquela parte minha que tinha o costume de deixar o coração disparar, o mundo parar e a vida ser um 'felizes pra sempre'? Acho que se perdeu naquele amor antigo e nas minhas palavras platônicas. Desculpe, eu tenho uma necessidade meio besta de querer amar tudo. Eu fico amando o seu cigarro, o seu copo de cerveja, os seus filmes, o seu jeito eu demais da conta. Mas ando num momento "short love, long night, déjà vu, yeah, we do it again...". (E você também, eu sei.). Ando curtindo um motivo qualquer pra minha solidão e procurando outro motivo qualquer pra lembrar você. Fico sentindo o cheiro grudado na pele e pensando "I wonder where I am in my relationship with you". Sei não.

Só sei que eu sou maluca demais pra querer amar sozinha. Aliás, ignore minhas ambiguidades. Minha incoerência. Essa minha perda de tempo de tentar explicar o que não tem porquê. Mas eu peço: insista. Me vire do avesso e me tire dos meus abismos emocionais. Eu quero me sentir louca, enrolar as minhas pernas em você, contar as pintas das suas costas enquanto você diz uma bobagem qualquer e bota uma suas daquelas músicas gostosas. A vida sendo um filme B. É disso que eu preciso, um pouco menos de contos de fadas e mais ação. E uma pitada de indecência.



"This just mind hurts a little
Love hurts sometimes, when you do it right
Don't be afraid of a little bit of pain
Pleasure is on the other side."
John Legend



quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Contra a covardia, em defesa do Rio


Sérgio Cabral, agora é a verdadeira hora de chorar. Que mané verba de petróleo. O que andamos vivendo no Rio de Janeiro nos últimos dias é a verdadeira covardia. Arrastões, incêndios, inocentes feridos, assassinatos, é o caos generalizado. Uns põem a culpa na corrupção, na bandidagem. Muitos põem a culpa nas UPP's. Eu ponho a culpa no despreparo. Na falta de planejamento (isso sem falar na população que não exerce seu maior direito de cidadania- o voto).

Andamos num momento em que fomos infectados pelo vírus 'Tropa de Elite' e temos a certeza absoluta de que o filme é a cópia fiel do que ocorre hoje no Rio e no Brasil. Não que eu não ache que exista muita verdade ali, mas temos de ver os dois lados da moeda: alguém está tentando melhorar a segurança pública. Os motivos podem não ser os mais nobres (que o digam a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016), a politicagem pode ser o principal objetivo, mas de alguma forma é a primeira vez em que vemos grandes mudanças ocorrendo na segurança pública no Rio. É claro que sabíamos que esse modelo repressor ia entrar em colapso, pela maneira intempestiva que foi adotado. É claro que sabíamos que cedo ou tarde a bandidagem ia descer o morro pra ganhar a vida no asfalto. Mas a verdade, é que ao menos no fundo, nós acreditamos que pudesse dar certo, nem que fosse num milésimo de segundo.

O que eu vejo hoje no Rio de Janeiro é fruto de uma desorganização secular: desde a ocupação do Morro da Providência, a primeira favela carioca, em 1897 até o terrorismo que nos assola nos dias de hoje, o que predomina é aquela velha história do descaso social e político. E bandido tá mais é doido pra encontrar uma brecha dessas pra se instalar, ainda mais se tiver um colega de colarinho branco para sustentar o tráfico, o gatoNET e mais todas as ferramentas de controle populacional. E o problema é esse: em vez de pensarem em ações à longo prazo efetivas para acabar não só com a criminalidade e com a falta de segurança, mas também para coibir a idéia de que traficantes, milicianos e afins são os guardiões da favela, a política de segurança carioca sempre foi imediatista e focada apenas em abafar os episódios de violência de grande repercussão. Tudo isso através de ações mal preparadas, mal planejadas e de cunho político cujo o intuito principal é criar currais eleitorais e maquiar um Rio de Janeiro que aparentemente continua lindo. Cria-se um ciclo vicioso onde se instala o terror de tempos em tempos e as únicas ações efetivas são as de combate imediato. Precisamos de planejamento urbano e políticas de promoção de segurança, mas principalmente de medidas enérgicas de PREVENÇÃO à violência.

O que o Beltrame tem feito hoje é uma tentativa desesperada de tratar um sistema esquizofrênico que está beirando o colapso. Sua iniciativa em relação às UPP's e, agora, em relação ao terrorismo dos últimos dias é uma das únicas medidas palpáveis e visíveis na esfera da segurança pública em muitos anos. É louvável o esforço e o comprometimento de todos os estratos da segurança pública na tentativa de vencer o comodismo que já se instalou há tempos no governo do Rio de Janeiro. Mas, lembremos: é preciso planejamento, organização. É preciso garantir que a população não se sinta à mercê da criminalidade. Mais do que isso, precisamos da garantia de que não iremos pagar pelo preço de jogos políticos no futuro.



(Oremos.)

domingo, 14 de novembro de 2010

Aquela sexta-feira


Eu gosto mesmo é desse acaso.



Pela primeira vez eu tive medo de escrever. De fazer um texto meloso e não conseguir me justificar. Mas foda-se. Eu preciso dizer o que você fez comigo naquela sexta-feira.

Eu não vou ficar aqui falando do seu beijo nem daquela nossa dança louca no escuro. Eu quero falar é do jeito que você me seduziu. Me seduz. E não, não tô falando mesmo do seu beijo. Eu tô falando é daquele momento em que a gente ficou sozinho e esqueceu do que poderia ter feito. Eu tô falando daquelas músicas que você botou pra tocar sem saber que eram as músicas que eu mais escuto na vida. De você ter colocado pra repetir e achar engraçado eu cantar a plenos pulmões. Você não sabe mas foi nessa hora que você mais me seduziu. Foi nessa hora que você mais mexeu comigo. Foi nessa hora que eu me emocionei e me segurei pra não chorar, porque, cara, foi foda. E aí eu pensei: "FODEU!". Fodeu porque eu passei a noite inteira negando todo mundo que dizia "Vocês são iguais!" e naquela hora eu vi que foi em vão. A gente é igual mesmo. Putaquepariu, a gente é igual e agora eu tô com um medo do tamanho do mundo disso dar merda. Porque verdade seja dita, embora esse nosso descompromisso nos mantenha numa distância saudável, chega uma hora em que as coisas se confundem um pouco. Não, eu não quero confundir as coisas. Mas eu tenho medo de que um dia isso aconteça e acabe com tudo de bonito que eu guardo de você.

Por isso, faça um favorzinho pra mim: deixa de ser tão eu um pouco? Deixa essas músicas bonitas, seu jeito de cantar Chico Buarque e de saber de todas as coisas do mundo? Pelo menos de vez em quando, que é pra eu lembrar que nós não nos prometemos nada e que eu não espero nada de você. Porque eu gosto do nosso descompromisso e se a cada vez que a gente se encontrar você for bonito desse jeito, eu não sei até quando não vou criar expectativas.

E eu não quero.

(É como diria Fernanda Mello - ela que sempre me entende: "Eu não quero promessas. Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos. Não, não e não.")

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A culpa é de quem?

Bom, minha não é. É muito fácil colocar a culpa no outro. É muito fácil jogar a responsabilidade nas costas do primeiro que aparece. É muito fácil reproduzir meia dúzia de frases feitas sobre uma pseudo-indignação com a vida pra esconder os próprios fantasmas. Mas não nos cabe ter a expectativa de que os outros resolvam nossos problemas por nós. Não nos cabe, de forma alguma, culpar o outro por erros que são inteiramente nossos.
Sabe o que nos cabe? Nos despir do orgulho e encarar que somos seres imperfeitos. Parar de fingir que o mundo é responsável por todas as nossas mazelas. Não, não temos que perdoar ninguém. A culpa é nossa. A culpa da sua vida ruim, meu amigo, é inteiramente sua.

Portanto, faça um favor (pra mim, pra você e pro mundo inteiro): Chega. Chega desse papinho de fracos e oprimidos. Chega de dizer que te enganaram, que te trairam, que as pessoas não são o que parecem. Chega de pintar que suas pseudo-verdades são absolutas. A vida é de riscos e nem sempre as coisas são como nós queremos. Mas isso não nos dá o direito de nos pintarmos de vítimas. (Só se formos vítimas de nós mesmos). Ah sim, você está aí cheio de conflitos interiores, frustrações e a culpa é do mundo que não te suporta? Elementar. Ninguém é obrigado a suportar gente incoerente. Ninguém é obrigado a suportar alguém que não assume os próprios erros. Pior, ninguém é obrigado a suportar alguém que não se assuma. E ainda culpa o mundo por isso. Não, não dá. Pra mim essa é uma das maiores covardias que existem. E de gente covarde, eu corro.


"Aprendi a selecionar melhor meus diamantes
Pedaços de vidro não me interessam mais."
Autor desconhecido




(Ludmila Melgaço, espalhando a polêmica no mundo desde 1990.)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Não,

eu não te amo, idiota.
O que eu sinto é uma coisa muito mais carnal. Tem gosto de perigo. Proibido. É aquela coisa das quatro paredes. Das frases gemidas.
O toque, o cheiro, o gosto.
Não, não é amor.
O que eu sinto não tem nome.
É dança dos corpos. É o que arde.

Ou melhor, tem nome sim.

(Me) Descubra.


"Je sais que ça va être très bon."
Leandra Leal por 3 na Massa

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

In-certezas.

Sabe o que eu queria?
Que você sentasse no meu sofá e desfiasse uma bossa nova gostosa no meu violão. A gente podia escrever na varanda vendo a vida passar enquanto fica com aquele gosto de sorvete de flocos grudado na boca. Algumas gotas de álcool, talvez.
Tempos atrás você não existia assim, mas agora chegou numa mistura de retórica e travessura que eu não aguento mais ouvir os meus lençóis chamando por você.
Eu provaria tuas cores. Teus cheiros. Teus gostos.
Tomo cuidado pra que a única ressaca que se abata sobre mim amanhã seja pelo excesso.
Obrigada por me isentar da culpa.
Minha única certeza é a de querer me perder. Com você. Em você. Ser uma das suas linhas bêbadas ou um poema sujo escrito num guardanapo qualquer.

É isso que me seduz.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Passei os dias pousando a caneta no papel
Mas nada do que foi escrito mereceu ser publicado.
Acho mais fácil assim:
os dedos no teclado, trôpegos
vomitando as palavras
Enquanto forma-se um texto mal-acabado onde não digo tudo o que quero dizer.



"Escrever é um abismo."
Fernanda Mello

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Esta semana também estou no Wordless , com tema de @BrenoMassena : "O limite do fã com seu ídolo."
Leia, comente, xingue, bata na gente, mas opine.

domingo, 12 de setembro de 2010

Sempreviva

"Minha carne é de carnaval,
meu coração é igual!"
Novos Baianos


Ultimamente tenho sido inteira. Tenho sido aquelas cervejas, aquelas caipirinhas, aquele cigarrinho cretino pós-álcool com cara blasé. Aquele caminho eterno Copacabana-Lapa-Estácio. Ou aquele samba de setenta e quatro que diz "me deixe hipnotizado pra acabar de vez com essa disritmia!".

Me perco em horas inteiras de amor.

Minha cama anda mais desarrumada que o normal. Talvez seja essa minha sensação de liberdade louca que teima em não me largar. Liberdade de ser, de viver. De deixar as roupas e os copos pelo chão depois das madrugadas em claro enquanto o sol invade os olhos. Visto minhas saias curtas multicoloridas, viro boemia e deixo meu corpo à mercê da música.
Liberdade de ser, de viver.

Ando muito poeta, muito dona de mim. Ando com olhos de ressaca. Um gosto de sol, suor e samba me escorrendo pela boca. Ando à flor da pele e com aquele sorriso de quem não sente culpa.

(Talvez plenitude seja isso.)


"A vida é pra viver,
a vida é pra levar."
Toquinho e Chico Buarque


Saravá!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Hoje é dia de Wordless



Eu, @BrenoMassena , @carolfcr , @kylefelipe , @Rigamont e @pacocaribeiro esteramos, a partir de hoje, quinzenalmente divagando sobre diversas questõs da vida no Wordless, da queridíssima @malutolentino!

Entrem, leiam e compartilhem sua opinião com a gente! ;)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Seu quarto, como eu imagino.

As paredes brancas. Eu sei da falta da TV. O computador que fica ligado 24 horas por dia. A sua cama em diagonal porque você é muito comprido. Tudo bem, a gente aperta, divide o cobertor. Aliás, acho essa coisa de dividir o cobertor muito linda e uma das maiores comunhões que existem. Coisa de gente sintonizada no mesmo canal, como a gente.

E a janela? Deve ser que nem a minha, atrás da cama. E o sol vai entrando pelas frestinhas da cortina e acordando a gente devagar. Pura falta de pressa e excesso de carinho. Eu com a minha preguiça e você me acordando com aqueles teus acordes no violão. Maneira mais linda de acordar, mesmo eu estando completamente despenteada. Eu sei que você não liga. Vai me olhar com uma cara de compaixão e rir da minha cara só pra me deixar insegura e perder um pouco do meu jeito de dominadora, como você diz. Eu não ligo. Vou ficar meio vermelha e meu sotaque vai piorar um bocado, mas daí você vai me achar uma gracinha, e aí, tá tudo certo.

Acho mágico. Acho lindo.

Imagino você chegando com a caneca cheia de Nescau e a boca toda preta. Não, vamos fazer um brigadeiro com isso porque Nescau sozinho não tem graça. E mais cobertor dividido. Mais confidências. Mais carinho carinho carinho. Amizade sem fim. Música. Aquela foto nossa que vai ficar guardando as lembranças. O post-it que eu vou pregar na sua parede antes de sair. E o seu olhar.



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(Em breve novidades. Tudo idéia da @malutolentino , no Wordless.)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Fight. Resist.

Não me pergunte o porquê. Hoje vim pra te pedir aquele colo e aquele cafuné porque a vida tá braaaaaaba, honey. Velhos fantasmas me assombram e velhas questões me corroem.

Não, não é nada. É TPM que passa. É a grana que passa longe. É aquele moço que pediu ajuda e teve vergonha de marejar os olhos, enquanto eu me mantinha firme com as lágrimas que teimavam em escorrer. É aquele moço que mexeu no meu baú e revirou tudo que estava escondido. É a saúde pública no Brasil que me deixa indignada. E aquele moço que me olhava pedindo compaixão e queria ajuda. E eu com meu jaleco branco e toda a impotência a que somos submetidos.

E é, I'm gonna try to be myself although myself will wonder why. Why, cara, why? Não me pergunte, já disse. Eu só quero me desengasgar. Eu só quero não me sentir impotente quando alguém pedir ajuda pra doutora aqui e eu não puder fazer nada.
You born to resist or be abused? Eu tô resistindo, cara. Bravamente. Tô aprendendo na marra. Dando a cara a tapa. Oferecendo a mão. E medo eu tenho. Medo de me perder por aí cada vez que o escuro vem e nem tudo é tão bonito quanto parece.

Quer saber, esquece. Eu luto.
E é claro que o sol vai voltar amanhã.

domingo, 25 de julho de 2010

"Anda, vem me lumiar com sua chama
Vai anoitecer..."
Lô Borges


Era noite, era dia, não sabia. Não sabia a hora, não sabia se era hoje ou ontem, amanhã ou depois. Mas sabia que aqueles olhos não podiam deixar de olhá-la. Muito mais que beijos, pele na pele, arrepios e entre lençóis, ela queria mais que tudo morar naqueles olhos e passear naquele sorriso.

Ele gostava de andar por aquelas curvas e conhecer cada milímetro de pele dela, dos dois se misturarem em suor e lençóis. Mas quando olhava os olhos dela suplicando pelos olhos dele, ele sorria seu sorriso mais sincero e e desejava nunca se perder dela.

Suplicaram-se tantas e tantas vezes, eram tanto querer e tanta urgência que não saberiam dizer se um era dentro do outro ou os dois eram em um só. Eram a mesma poesia, a mesma música, choviam, lumiavam um com a chama do outro. Apossaram-se um do outro com toda vontade e de repente eram muito mais que amantes: eram tudo que há de bonito na vida, e isso bastava. Ser. Eles foram. Eram. São. Sempre serão.Conjugados em todos os tempos verbais. Mesmo que os lençóis não embolassem, que não houvesse urgência: seus olhos jamais se perderiam. E é por isso que eles foram. Eram. São. Sempre serão.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Eles.

Ele ia dizendo que não podia mais, que havia outra, que continuaria amando-a da mesma forma, enquanto ela bebia avidamente inúmeros copos de chopp. "Preciso de algo mais forte", pensou, e enquanto ele a olhava pedindo compreensão ela levantou o braço e disse:
- Juvenal, um whisky duplo sem gelo, por favor.

Depois de um demorado gole de coragem, olhou nos olhos dele, engoliu uma lágrima, respirou fundo e pediu:
- Só não me apague dos seus olhos. Sei que você nunca foi meu e nem eu de você, mas sempre que eu te olhar eu quero me encontrar.

Ele, no entanto, não conseguiu engolir suas lágrimas. Repetiu que a amava e que o que eles viveram era para sempre. "Você não me respondeu", ela disparou. Ele pegou suas mãos e disse:
- Enquanto eu me encontrar nos seus olhos, jamais vou te apagar dos meus. Enquanto nós existirmos vamos nos amar da mesma forma que nos amamos desde o primeiro olhar.

Ficou muda. Não parava de olhar nos olhos dele e pensar, na velocidade da luz: por que ele piora o que já é difícil? Vai, me leva com você e esquece dessa conversa, enquanto, à meia-luz, tocava aquela música que diz "invento artifícios pra nunca te perder" e os dois, juntos, completavam:
-"Eu não vou te perder".

Sorriram e ela pediu mais um whisky. Os dois viam seus sentidos lhe trairem, tamanha embriaguez. Marina Lima começou "Não quero sugar todo seu leite..." - era a música deles! - e ela não se conteve:
- Vem, dança comigo.

Ele acatou e a tomou nos braços. Doía sentir o toque dele, mas o álcool a anestesiara e ela só queria que aquilo durasse para sempre. Mais uma vez juntos, entoaram:
- "Seu corpo combina com meu jeito, nós dois fomos feitos muito pra nós dois".

E se entregaram ao fogo que lhes queimara tantas vezes. Era a última noite.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Meu.

Essa coisa de declarar meu amor pro mundo inteiro é muito minha mesmo. Digo que admiro, fico cheia de ternura, me jogo e amo tanto. Amo muito mesmo.
Tenho aquela olha por mim a cada segundo e que, junto daquele, me acreditam mais que tudo nessa vida.Tenho as minhas amigas que estão em todos os momentos. Tenho aquela que lá de longe me sente a todo instante. Tenho aqueles que admiro sem ao menos saber quem são. Tenho aquele que é meu caso sério desde sempre. Tenho aquelas duas pretas que são minhas almas-gêmeas. Tenho tudo o que preciso.
Quero muito mais, mas, por ora, o que é verdadeiramente meu me basta.





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(Vou de férias
sem saber quando volto.
Vou amando tudo quanto é vivo nessa vida.)

sábado, 29 de maio de 2010


na barra da minha saia,

meu amor,
só quem eu quero.






domingo, 16 de maio de 2010

Viver, valer, viver

(ou: Por que é mais fácil especular sobre a vida alheia que tornar sua própria vida plena?)


A gente precisa aprender cuidar mais de nós mesmos. A deixar os outros serem felizes à sua própria maneira. A não viver a vida dos outros. Aliás, a gente precisa aprender a viver a nossa própria vida. Porque não adianta não querer passar despercebido pelo mundo se você não faz a sua própria vida valer à pena. Não adianta se fazer perceber um santo se o seu maior conflito interior é querer se libertar. Não adianta querer viver um vida não lhe pertence.

Mas até aí, tudo bem. A vida é sua, faça o que quiser com ela, certo? Certíssimo. O problema é quando não conseguimos lidar com os nossos próprios conflitos e resolvemos que todas as nossas verdades são absolutas e que o mundo deve andar -apenas- segundo as nossas convicções. Ei, você que não acredita em Deus, que fuma, que bebe, que faz sexo sem compromisso, que escuta pagode, música sertaneja e punk rock, que escreve o que sente e o que não sente, que chora, que ri, que ama e -o mais importante- que acredita na plenitude da sua vida. Tá errado ó, Deus existe, fumar, beber e fazer sexo são ações prejudiciais à saúde (além do mais, não são coisas que uma pessoa decente deve fazer), pagode, sertanejo e rock não combinam, você só pode escrever o que sente e, paradoxalmente, demonstrar sentimentos só vai fazer você quebrar a cara. E você tem que viver a sua vida assim porque EU digo que é assim.
Mas, oi? Cadê o nosso direito assegurado pela constituição de ir e vir? Cadê os direitos humanos? Cadê a liberdade? Cadê a licença poética? Cadê o livre arbítrio?
Agora, imagina, 6 bilhões de pessoas querendo opinar na vida umas das outras. Sim senhores, é o caos generalizado.

Quem sou eu pra dizer o que é certo ou errado nessa vida. Mas eu acho que o mundo teria muito menos pessoas frustradas e insatisfeitas se nós simplesmente vivêssemos as nossas vidas. Ou melhor, se nós nos apaixonássemos todos os dias por nós mesmos e pelas nossas respectivas vidas. Parece um discurso meio alienado e repetitivo, mas é sério: pra que se preocupar tanto com os outros se temos nossa própria vida pra viver? Por que se preocupar em apontar os erros ou acertos de alguém se temos nossos próprios erros pra corrigir e acertos pra comemorar? E por que não fazermos da vida uma coleção de momentos memoráveis e muito bem vividos?
Olha, eu não sei as respostas para esses questionamentos. Mas eu as busco incessantemente. Invariavelmente mudo de opinião pelo caminho, mas hoje penso que nós temos uma certa afeição pelo que é fácil. Temos medo do sofrimento. Temos medo do risco. Temos medo dos que arriscam.
Ao mesmo tempo não queremos passar em branco e para isso nos valemos do artifícios mais chulos, fúteis e vis. Quanta leviandade!

Há muito tempo eu me propus um desafio: cuidar mais de mim e viver plenamente à minha maneira. E ligar o foda-se pra o que não me convém. Continuar a favor e ser gente de verdade.
Porque no final eu quero poder dizer com toda a minha verdade: EU FIZ VALER À PENA.


sábado, 8 de maio de 2010

Toda errada.

Seria muito mais fácil não escutar aquele refrão que insiste em me seguir. Seria muito mais fácil passar a vida negando tudo o que se sente. Seria muito mais fácil não ter arriscado tanto na vida. Mas eu nunca escolho o caminho mais fácil. Eu vivo arriscando, metendo os pés pelas mãos. Falo demais, bebo demais, escrevo demais, sinto demais. Amo demais. Sou puro excesso.

Sinto falta daquela nossa poesia que teimava em sair da boca e grudava nos olhos. Sinto falta daquelas suas piadas sem graça que eu digo que não, mas adoro. Sinto falta daquele olhar que ousava em me desarmar. Sinto falta de você, que nunca tive, mas insiste em me derreter com suas verdades. Sinto falta daquela época em que era só eu que importava. São tantos vocês. Vocês que me deixam um vazio que não me pertence.

Perdão pela completa falta de tato. Ando numa época em que há muito dentro de mim e não sei como lidar com tanto sentir. Escrevo para quem nem sei se existe enquanto a vida parece se perder pelas esquinas junto com cada gota de álcool que me desce pela garganta. Quero esquecer as verdades que insistem em me inquietar por dentro, em vez de encará-las. Nem que seja só por hoje.

Olha, longe de mim dar uma de drama queen, mas tenho uma necessidade incessante de auto-conhecimento. E isso eu só consigo escrevendo toda e qualquer asneira que me inquiete. Não tenho o menor problema de parecer maluca, insensata, mulherzinha. Eu me dou o direito de sê-lo. E haja paciência para me aguentar. Haja persistência para caminhar. Haja palavra para decifrar. Haja tanto para sentir.
Haja vida. Pra viver.

("Does that make me crazy? Probably.")

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Um beijo especialíssimo pra minha mãezinha preta e suas piadas sem graça. Porque amanhã é dia das mães e de novo eu não vou estar com ela. Nem vou conseguir escrever sobre a mulher maravilhosa que ela é porque vou chorar feito criança.
Um cheiro e guarda o colo pra mim! ♥

sábado, 10 de abril de 2010

A favor de gente de verdade



"Eu permito a todos ser como quiserem... e a mim como devo ser."

Chico Xavier




Eu gosto mesmo é de gente de verdade. Não sou de ficar medindo palavras ou ações pra pra satizfazer os outros. Eu ME satisfaço. Sou fiel às minhas vontades. Gosto de escrever, gosto de música boa, música brega, tenho manias, tenho defeitos. Aliás, todo mundo tem. Eu assumo todos (ou boa parte deles).

Gosto do meu samba, jogo a mão pro alto e canto a plenos pulmões "Tristeza, por favor vá embora!". E foda-se. Foda-se se o cara mais gato da noite vai me achar uma maluca. Foda-se se eu estou pingando suor de tanto dançar. Eu vivo, gente. Eu sinto. Tomo minha cerveja, sento no boteco (mineira que sou!) e chamo todos os garçons do mundo de Juvenal. Gosto de gente que abraça, que olha no olho, sorri, batuca na mesa, que fala merda, que derruba o vidro de pimenta no chão. Gostou? Então puxa a cadeira, pega um copo e arreda pra cá. Vamos bater um papo, falar da vida, da prova de amanhã, de política, de música, de sexo, de amor, de livros, de poesia, de nada. Não gostou? Foda-se. Mas por favor, não venha me podar, dizer que é falta do que fazer, que é politicamente incorreto, o que minha mãe vai pensar, isso não é coisa de mulher, que assim eu não vou ter o bom-partido. Meu bem, não é isso que eu quero. Aliás, que se fodam os bons-partidos, as boas-moças e demais bem rotulados do planeta. Eu não troco a minha vida cheia de emoção por um rótulo sem-graça de boa-moça por nada nesse mundo.

Li uma frase recente da Fernanda Mello (ele que sempre sabe!) que diz: "Ela é uma alternativa levemente radical às boas moças da sociedade". Ai, gente, me encontro em cada letrinha. Muito obrigada sociedade, mas eu não quero seguir padrões. Eu me dou o benefício da liberdade, de poder ser errada e incoerente de vez em quando. Eu me dou o benefício de chegar em casa de manhã, de cometer excessos, de ser cretina, de ser mulherzinha com as minhas frescurinhas, de escrever o que eu não devia (quem disse que não devia?). E eu tenho histórias pra contar. Eu faço a minha vida valer à pena. E não permito que quem quer que seja me imponha o que é certo ou errado. Guarde suas grandes e inabaláveis certezas, saberes da vida e verdades absolutas pra você. Eu tenho as minhas poucas certezas guardadas comigo, e elas estão prontas pra se tornarem dúvidas. Porque o mundo gira. O tempo passa. A vida muda. A gente aprende.
E eu, ME PERMITO.




quarta-feira, 7 de abril de 2010

Chegou a hora de apagar as velinhas!


Êeeee!

Um ano de Puramente Sentir gente! Um ano em que eu me jogo aqui sem saber se eu vou aguentar a queda. Um ano em que eu despejo todas as minhas abobrinhas pra quem quiser ler. Um ano que eu me emociono com cada comentariozinho que me deixam aqui. Um ano que fico muito lisonjeada quando alguém me diz: "Lindo aquele texto, aquela frase, aquela palavra, aquela letra que cê escreveu, é tudo tão meu!". É gente, sou eu mesma, sou vocês, sou o mundo. Quero o mundo. Quero tudo, e quero NOW. Sou de um jeito que "não importa se você acha que eu sou boba, sentimental, ingênua ou sei lá mais o quê. Não me importo que você me leia e me ache chata. O que me importa é que você saiba quem sou, e que eu não vim pra esse mundo pra passar despercebida."
Escrevi isso em junho passado e continua tudo tão vivo dentro de mim. Continuo sendo para sentir, não para ser entendida. Continuo sendo mulherzinha, estudante de Medicina, apaixonada por música, por tudo e por todos. Continuo amando tanto que meu coração nem aguenta mais. E eu amo mesmo. Amo MUITO. Sou toda amor.
Continuo sendo, sempre, PURAMENTE SENTIR.


(ai, eu tô feliz, eu tô alto-astral!)

terça-feira, 30 de março de 2010

A gente



"De repente fico rindo à toa sem saber por que
E vem a vontade de sonhar, de novo te encontrar
Foi tudo tão de repente, eu não consigo esquecer
E confesso tive medo, quase disse não
Mas o seu jeito de me olhar, a fala mansa meio rouca
Foi me deixando quase louca, já não podia mais pensar
Eu me dei toda pra você
E meio louca de prazer lembro teu corpo no espelho
E vem o cheiro de amor, eu te sinto tão presente...
Volte logo, meu amor."
Maria Bethânia


Pra começar, obrigada por me arrancar aquele ponto de interrogação com tanta urgência. Achei lindo você eternizar a gente naquela foto antiga no seu quarto. A gente se inventou e se encontrou. Você me surpreendeu e eu não tive tempo nem pra tomar fôlego, tamanha nossa vontade!

É o seguinte: não dá mais pra fingir que é uma brincadeira boba. Porque você definitivamente roubou meu equilíbrio e desde então eu não penso em outra coisa a não ser na gente. Na sua voz no meu ouvido.No seu corpo combinando com meu jeito. No nosso estranho amor.

Você é lindo, cara! A gente se basta. Nós não queremos promessas nem dúvidas. E nem certezas. Queremos viver. Amanhecer a gente, juntos. E ser. Não importa se repetiremos a dose amanhã, ou depois ou nunca. Não importa a hora, o compromisso e nem a nossa falta de vergonha. Nós somos. E sempre seremos.

A gente sempre vai se olhar com cara de bobos. Nossos olhos sempre vão brilhar quando se cruzarem. A gente sempre vai ser bem mal resolvido. E a gente sempre vai se dar aquele abraço e-terno e dizer, baixinho, no ouvido um do outro: amo muito, viu?



"Planejando pra fazer acontecer
Ou simplesmente refinando essa amizade..."
Skank

domingo, 14 de março de 2010

Bem mal resolvido


"Aumenta o som do meu stereo
Que eu quero te levar a sério."
Rodrigo Netto, por Detonautas


Quem me conhece sabe que eu vivo para sentir. Sou discípula de Cazuza e adoro um amor inventado, vivo criando expectativas, sonhando histórias, que na maioria das vezes acontecem. Daí vem você, que sempre foi amor na minha vida, e me deixa sem saber se eu estou inventando ou não. Pela primeira vez eu não consigo avaliar os riscos. Você chega com essas palavras lindas, com suas entrelinhas e toda aquela vontade antiga e eu fico sem saber o que fazer. Eu não sei se você me quer pra contar daquele seu flerte fatal ou se você quer amanhecer comigo. Eu não sei se você me quer de lingerie preta ou se você me quer te fazendo um cafuné, como nos velhos tempos. Entendeu? Pela primeira vez eu não sei o que fazer, o que dizer, o que vestir. Pela primeira vez eu não sei o que sentir. Então, meu bem, me faça o favor de não me deixar tão confusa, nem tão solta. Me faça o favor de ser um pouquinho menos enigmático. Você sabe que eu adoro te descobrir, mas dessa vez tá difícil. Muito difícil, por sinal.

Embora eu tenha te dito que você não me surpreende, saiba que eu estava blefando. Eu queria dicas. Melhor, queria respostas, verdades na cara. E você aí, me deixando mais um ponto de interrogação, eu que já tenho tantos que ainda não foram respondidos. Meu bem, eu não aguento por tanto tempo. Essa dúvida me consumindo e cada vez mais me tirando o equilíbrio. Me tire o equilíbrio apenas se você estiver logo embaixo pra me aparar. Senão, deixemos tudo como está. Continuemos com esse nosso amor inocente. Continuemos sendo porto seguro um pro outro. Continuemos sendo lindos um com o outro.

(Seremos eternamente esse nosso amor bem (mal) resolvido.)

domingo, 28 de fevereiro de 2010

"É a vida..."

"...é bonita, e é bonita!"
Gonzaguinha


A vida devia se resumir a um bom samba. Que cadenciasse entre a bossa e o samba de raiz, o pagode, samba-canção, partido alto, maxixe, coco, choro... Rodas. Saias rodando, mulheres bailando e os homens a batucar. E as vozes se misturam, cantam a mesma alegria e a mesma dor, viram sorrisos e festa. A eterna malandragem, o flerte descompromissado. As mãos nas cadeiras, flores nos cabelos, olhares disfarçados. Sorrisos!

O samba tem o dom de embalar falando do amor pela morena, do 1 a zero no futebol, da "frexada" no coração, da mulher Amélia, de ritos e orixás, da alvorada no morro. As cordas do cavaquinho choram junto com o povo. Surdos, caixas, cuícas, batem como coração levado. Flautas e metais dão o lirismo digno de poetas. Pura paixão. Pura arte.

O samba tem o poder de ser alegre mesmo quando canta as tristezas, de nos levar no seu ritmo dos pés a cabeça. A gente, quando samba, ao mesmo tempo que sorri levanta as mãos pro céu e agradece pelo maravilhoso dom da vida (Afinal, "um bom samba é uma forma de oração"). Brinda com a velha e boa cerveja, batuca com a caixa de fósforo, assobia e canta: "Diga espelho meu, se há na avenida alguém mais feliz que eu?!". Pura poesia.

E a gente segue, sambando, pela avenida da vida. Fazendo poesia. Cantando poesia. Misturam-se as vozes, as canções, os choros, os olhares e os sorrisos. A cerveja continua gelada, os sambas continuam cantando a realidade e embalando momentos memoráveis. E o que nos resta "é bem pouco ou quase nada, do que ir assim, vagando nesta estrada perdida." É, o velho samba. É a vida!




(É bonita, e é bonita!)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

"Uma taça de vinho..."

"... e palavras soltas
Pra gente escrever e ser
Pra gente escrever, e ser, e se amar
Pra gente escrever, e ser, e se amar,
e não ter fim."
Fernanda Mello


Hoje eu quero confissões. Quero corpos embolados no tapete. Quero suor escorrendo pela pele. Quero altas doses de álcool. Serotonina, endorfinas e afins. Quero esquecer todos os pudores (logo eu que tenho tão poucos). Alguém me dê algo forte, na veia, por favor. Hoje eu quero anestesiar-me de qualquer desventura. Me basta a minha loucura, a minha insanidade e o meu querer. Me basta a minha cara de pau e a minha falta de vergonha na cara. E não ligo.

Quero uma noite de liberdade, suspiros ao pé do ouvido. Olhar. Beijo. Nuca. E John Mayer ao fundo, por favor. É aquela velha história de querer escrever uma puta história de amor. Mas chega de ficções, filmes, contos. Eu quero verdades na cara. Verdade no corpo. Verdade na alma. Quero dança lenta, fogo na carne.
Hoje eu só quero me permitir. E permitir alguém que me tire do sério. Me escreva poesia, que me cante, me toque.
Eu quero temer.
Tremer.
Arrepiar.
Esquecer.


"Não quero ver quem tem razão
Sou movida a paixão
Roupa jogada pelo chão,
sexo, amor, traição
O sol caindo no Leblon
Não, não diga nada
Deixa esse filme rodar, deixa essa estrela brilhar
(Não quero nem saber!)
Eu sei que sempre vale à pena
Outra cena de cinema acontecer."
Luciana Mello



(Você me inspira. Me confunde; eu te levo à sério. Verdades?)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Agora eu entendo nº 2


"Coisa de gente como a gente,
que nasceu para sentir demais.
Ser demais. Ser excesso.
Que se derrama e deixa tudo escorrer para a vida.
Deixemos."

Jaya, do Líricas.


Vou dizer uma coisa: a gente tinha que se apaixonar pelos mesmos olhos mesmo. Vai entender o destino: temos o mesmo coração inquieto, a mesma sede de palavras, a mesma vontade de ser o mundo, a mesma interrogação no meio da cara e, melhor, a mesma paixão INSANA pelo John Mayer.
Agora eu entendo o porque o porque da nossa insegurança uma com a outra. Entendo o poque da nossa loucura no msn, depois de ter jurado nunca mais querer. Agora eu entendo o porque das juras tão parecidas, o porque do encantamento e do coração aos pulos. Acho que não souberam nos sentir. Somos intensas e amamos mais do que o coração aguenta. Queremos um mundo de mais verdade e mais atitude. Somos iguais, mas ao mesmo tempo diferentes... Somos controvérsia e eu-lírico frágil. Muito frágil. Somos tanto e tão pouco que não há como definir. Aliás, há sim: ... . Somos três pontinhos. Reticências que podem esconder ou revelar mil faces.
Acho que a gente não devia ser tão besta. A gente devia olhar pra trás e guardar o que ficou de bom. E só. Não é fácil, eu sei, mas a vida tem muito mais pra nós. Temos insistido num filme onde o final feliz aconteceu, mas nós não éramos a mocinha. Acho que estamos mais para anti-heroínas. Coadjuvantes, jamais.
Vamo combinar o seguinte: no próximo filme a gente vira isso. Primeira cena? A gente de mãos dadas, cantando a plenos pulmões: "My priiide will keep me company..."

Fechou? ;)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Agora eu entendo.

"VOCÊ VEM OU SERÁ QUE É TARDE DEMAIS?"
Lô Borges

Quando vi tuas fotos, entendi o porquê de tudo. O porque da distância. O porque da ausência. Você tem o coração tão preenchido de coisas tão boas que lhe saem pelos poros. Aquela cara de quem ama tanto que fica bobo. Acho lindo. Sempre te achei.
Agora eu entendo porque não é mais de mim que você lembra quando escuta o Clube. Agora entendo todas as palavras dela, cada vírgula, suspiro e ponto final. Entendo porque você não quer mais me raptar e me tirar dessa selva. Mas entenda o meu lado: um dia foi você quem disse que eu te trouxe a paz e que as minhas palavras eram todo sentido pra você. A gente se procurou, se achou, e vamos nos perdendo. Não que essa seja a ordem natural das coisas, mas lá no fundo eu sabia que um dia isso podia acontecer. E dói, sabia? Não é fácil pensar não nos encantamos mais um pelo outro. Ah, sim encanto! Digo e repito que você tem os olhos mais sinceros que eu já vi. Cumplicidade, é isso! Ou foi, vai saber. (Mas ainda sim você conseguiu me arrancar um sorriso do tamanho do mundo.)
E pensar que um dia houve medo da gente se perder, mas a gente nem sentiu que tudo virou saudade e lembranças. Boas lembranças! Um dia você me pediu pra ganhar o mundo e cá estou construindo meus sonhos com um ponto de interrogação no meio da cara: e a gente? Ah sim, a tal e velha cumplicidade. O tal sorriso de quem se sente pleno, e feliz. Os tais olhares que se cruzam e se completam.
Agora eu entendo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Bem fundo, fui.

"SAY WHAT YOU NEED TO SAY!"
John Mayer


Digamos que eu esteja apenas divagando. Hoje não busco respostas nem procuro entender o que se passa no meu íntimo. Hoje eu apenas ME busco. Busco o que nem eu sei, o que não tem nome, o que não tem porque. Sim.

Hoje a inquietude que sempre me acompanhou quase me engole, tantas incertezas que me rondam. Hoje eu fui tocada pelas palavras mais lindas que eu já li, embora não fossem exatamente bonitas. E ainda arrisco dizendo que elas poderiam ser escritas por mim, cada vírgula, ponto, exclamação e suspiros. Ai, senhor destino!

Ousei , por um longo instante, abandonar minha loucura e meus excessos. Tirei férias. O descaso que parece se apoderar de mim apenas esconde um mar de pensamentos, dúvidas, escolhas, insatisfações, planos... Confusão. Digamos que eu esteja percebendo o mundo e a vida de outra forma. Digamos que a própria vida começa a me perceber de uma nova forma. Quem me conhece sabe que eu ando com uma certa preguiça de fazer sala para o que não me faz bem. Por isso estou me despindo e me despedindo de sentimentos, sofrimentos, da minha displicência e da displicência dos outros. Bom seria mesmo tranformar essa displicência em atenção mas, infelizmente, isso na me cabe nas mãos, e nem na alma. Minha alma anda cheia de excessos, de sentir, de preocupações e de vazios. A verdade é que minha alma anda meio egoísta e largou o altruísmo por aí. Devagarzinho ele tenta me acompanhar; bem dizem que os bons filhos à casa tornam.

Mas, pode deixar, minha alma logo se esvazia, deixa o novo entrar, aperta daqui e dali, e tudo volta ao seu devido lugar. (Ou não).